O grande desafio dos gestores de manutenção é garantir a segurança na manutenção. Com a alta competitividade da atualidade, a correria em fazer com que os equipamentos estejam sempre em funcionamento pode resultar em acidentes e colocar em xeque a eficiência dos processos.
Por isso, é importante preocupar-se não comente com a produção, mas com a segurança daqueles que estão trabalhando para mantê-la a todo valor. Portanto, avaliar os risco de cada atividade pode ser um divisor de águas nos resultados finais das organizações.
Entre os métodos utilizados para avaliação de riscos, destaca-se o HRN (Hazard Rating Number), que permite quantificar e priorizar perigos com base em fatores específicos. Sabendo da importância desse tema, preparamos este post que te explica o que é o método HRN e traz um checklist para a sua aplicação na avaliação de riscos de manutenção. Confira!
O que é HRN?
O HRN (Hazard Rating Number) é um método de análise de riscos utilizado para determinar a gravidade de um perigo potencial. Ele se baseia em um cálculo matemático que considera quatro fatores principais para evidenciar os riscos, que são:
- Probabilidade de Ocorrência (LO – Likelihood of Occurrence);
- Frequência de Exposição (FE – Frequency of Exposure);
- Grau de Possível Dano (DPH – Degree of Possible Harm);
- Número de Pessoas em Risco (NP – Number of Persons at Risk).
Cada fator terá um valor numérico com base em escalas definidas. A seguir, apresentamos definições que ajudam na escolha desses valores:
- Probabilidade de Ocorrência (LO): Refere-se à chance de o evento perigoso ocorrer (isto é, quão provável é que o perigo leve realmente a um incidente ou acidente).
- Frequência de Exposição (FE): Representa com que frequência uma pessoa está exposta ao perigo. Na prática de manutenção, pergunte: quantas vezes esse cenário de risco pode acontecer?
- Grau de Possível Dano (DPH): Representa a gravidade das consequências caso o perigo leve a um incidente. Na prática, avalie a pior lesão ou dano plausível.
- Número de Pessoas em Risco (NP): Considera quantas pessoas poderiam ser prejudicadas caso ocorra um evento perigoso. Na manutenção, às vezes vários técnicos podem estar expostos.
Ao atribuir os valores, busque objetividade. Muitas organizações definem uma tabela padrão para guiar o preenchimento de LO, FE, DPH, NP, evitando subjetividade extrema.
Como calcular o HRN?
Depois de atribuir LO, FE, DPH e NP a um determinado perigo, calcule o HRN como o produto desses quatro valores:
HRN=NP×FE×LO×DPH
Essa multiplicação combina os fatores em um único escore quantitativo de risco. Devido às escalas, o HRN pode variar bastante – cenários de baixo risco podem gerar valores <10, enquanto cenários muito perigosos podem chegar a centenas ou milhares.
Depois de calculado, interprete o valor final. Por si só, um número isolado tem pouco significado, então é fundamental compará-lo com critérios de risco ou faixas de referência. Geralmente, quanto maior o HRN, maior o risco.
Muitas empresas definem faixas de HRN para categorizar níveis de risco. Por exemplo, uma tabela mais detalhada usada em segurança de máquinas inclui faixas como:
- 0–1 = aceitável
- 1–5 = muito baixo (ação em 1 ano)
- 5–10 = baixo (ação em 3 meses)
- 10–50 = significativo (ação em 1 mês)
- 50–100 = alto (ação em 1 semana)
- 100–500 = muito alto (ação em 1 dia)
- >500 = intolerável (parar imediatamente).
Importância da aplicação do HRN na manutenção
A utilização do HRN na manutenção industrial traz várias vantagens como:
- Priorização de riscos: possibilita focar nos riscos mais críticos;
- Redução de acidentes: permite tomar decisões informadas para minimizar os perigos;
- Conformidade com normas: atende a regulamentações como NR-12 e ISO 45001;
- Melhoria na confiabilidade dos equipamentos: reduz falhas inesperadas ao identificar riscos potenciais.
Checklist de HRN para avaliação de riscos de manutenção
Abaixo segue um template de checklist pronto para uso, em formato de tabela, para profissionais de manutenção. Ele permite listar perigos, atribuir valores dos quatro fatores do HRN, calcular o escore final e indicar ações. Ajuste de acordo com a escala adotada na sua organização.
Como usar: para cada ativo ou tarefa, descreva o perigo, atribua NP, FE, LO e DPH usando a escala pré-definida e calcule o HRN. Na coluna “Nível de Risco / Prioridade”, categorize (por exemplo, Baixo, Médio, Alto) conforme seus critérios. Em “Ações Recomendadas”, descreva o que precisa ser feito (instalar proteção, treinar equipe etc.) ou se o risco é aceitável. Esse checklist pode se tornar um registro permanente no seu sistema de gestão.
(Observação: valores exemplificativos; adapte à sua escala real.)
O importante é tornar o processo de pontuação simples e padronizado, de modo que se torne parte natural do planejamento de manutenção. Ao ter colunas para cada fator do HRN, é menos provável negligenciar alguma dimensão do risco.
A formatação em tabela também facilita ordenar por maior HRN ou agrupar por área ou tipo de perigo, o que ajuda na priorização estratégica.
Algumas dicas importantes para a aplicação do método HRN
Deixamos a seguir algumas dicas para que você possa aplicar o método HRN na sua empresa:
- Inicie com uma boa identificação de perigos: Converse com técnicos experientes que conhecem detalhes práticos do equipamento.
- Use escalas consistentes: Defina claramente o que é “provável”, “improvável”, “gravíssimo” etc. para evitar subjetividade exagerada.
- Números não substituem o bom senso: Se o HRN for baixo, mas a experiência diz que o perigo é sério, revise seus pressupostos. Se for muito alto, mas há controles que reduzem efetivamente o perigo, registre esses controles.
- Documente as premissas e controles existentes: Deixe claro se o cálculo pressupõe EPI, procedimentos ou barreiras. Se algo mudar, o HRN pode mudar.
- Envolva a equipe na avaliação: Diferentes pontos de vista enriquecem a identificação de perigos e a atribuição das escalas.
- Converta HRN em plano de ação: O verdadeiro valor está em corrigir o que for prioritário, não apenas calcular números. Defina prazos e acompanhe.
- Monitore e melhore continuamente: Compare HRNs de tempos diferentes para medir progresso. Ajuste escalas, refine procedimentos e compartilhe bons resultados.
- Equilíbrio entre profundidade e praticidade: Para tarefas simples, uma análise rápida pode bastar; para sistemas complexos, use mais detalhes. O importante é que o método seja efetivo e aplicável.
Melhores práticas para aplicação na manutenção
Integre o HRN à gestão de manutenção mais ampla. Nas paradas de manutenção, inclua uma etapa formal de avaliação de riscos para cada atividade principal. Ao planejar procedimentos, utilize o HRN para estimar riscos residuais. Comunique as conclusões: incluir na DDS (Diálogo Diário de Segurança) ou na reunião de início de tarefa. Isso promove uma cultura de segurança e cria conscientização sobre o significado real dos números de risco.
Por fim, registre e celebre melhorias: se um perigo passou de HRN 80 para 5 depois de uma modificação, isso é um ganho de segurança e confiabilidade – destaque em relatórios. Demonstra que a avaliação de risco não é mera formalidade, mas impulsiona ações efetivas. Além disso, motiva a equipe, pois vê resultados tangíveis de seu esforço para tornar o ambiente mais seguro.
Esse checklist que trouxemos neste post pode ser aplicado em oficinas de avaliação de risco ou em vistorias de campo. Alguns times preferem usar uma versão digital integrada a um sistema de gestão de manutenção (CMMS). No software Engeman® esse processo é customizado. Portanto, para mais detalhes, fale conosco!